Sandra Ribeiro
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O ÚLTIMO DIA DE MINHA VIDA

 

Se hoje fosse meu último dia, eu escolheria viver com a intensidade de quem finalmente acordou para o que realmente importa. 

 

Caminharia descalço na areia molhada, sentindo o arrepio do vento e ouvindo o som do mar como uma canção que sempre esteve ali, mas que só agora faz sentido. 

 

Tomaria um café da manhã ao lado de quem amo, trocando olhares, risos e abraços — e descobriria, talvez tarde, que o calor humano é mais curativo que qualquer remédio.

 

Leria um livro com cheiro de papel, folheando suas páginas como quem percorre um caminho sagrado, onde cada frase toca a alma,não pela velocidade da informação, mas pela profundidade do sentir.

 

Choraria e riria sem vergonha, sem controle, apenas para entender como a alma grita através do corpo, como as emoções moldam a existência.

 

Dançaria, não para agradar ou impressionar, mas para me libertar. Dançaria como quem se despe das expectativas do mundo, apenas para saber o que é ser plenamente eu, ainda que por instantes. 

 

Ouviria alguém desconhecido, com empatia e silêncio, porque às vezes, tudo o que o outro precisa é de presença — não de respostas.

 

E ao final, veria o pôr do sol, de mãos dadas com alguém, sem dizer nada. Porque há momentos em que o silêncio fala com mais verdade do que mil palavras.

 

Mas por que será que deixamos o essencial para depois?

Talvez porque o ser humano só perceba o valor das coisas quando sente a ausência delas.

 

A vida, esse presente que recebemos todos os dias, é tão disponível, tão constante, que se torna invisível aos olhos ocupados. 

 

Os encontros, os afetos, os sentidos, a natureza, o tempo… tudo está aqui, mas a alma, embriagada pela rotina e ensurdecida pelo ego, muitas vezes silencia.

 

Ficamos tão ocupados com o que falta, que esquecemos de nos encantar com o que já temos.

 

Só quando perdemos a chance de ver o pôr do sol é que percebemos a beleza que havia ali.

 

Só quando os braços se afastam é que sentimos o vazio que um abraço preenche.

 

O valor incalculável da vida está nas coisas simples — e, por isso mesmo, grandiosas.

Presença.

Consciência.

Gratidão.

 

Três tesouros que o mundo moderno, distraído, parece ter desaprendido.

 

Mas nunca é tarde para lembrar.

 

Antes que o último dia chegue, que possamos enfim ver, com a alma desperta, tudo aquilo que sempre esteve ao nosso alcance.

 

 

Sandra Ribeiro SP
Enviado por Sandra Ribeiro SP em 20/06/2025
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